Ministério do Desenvolvimento pretende profissionalizar maneira como oportunidades locais são ‘vendidas’ aos investidores
por Portal Brasil
publicado:
23/10/2015 00h00
última modificação:
23/10/2015 09h18
A chegada do Brasil na 5ª posição do ranking de países que mais recebem investimentos estrangeiros, como mostrou a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), com base em dados de 2014, está sendo vista pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) como a mensagem que faltava para articular com os governos estaduais os canais de promoção das oportunidades locais aos investidores. É com este sentido que o ministério e os estados estão discutindo a criação da “Feira dos Estados”.
Segundo Mário Neves, coordenador da Rede Nacional de Informações sobre o Investimento (Renai) do MDIC, a expectativa é de que o primeiro evento ocorra em 2016.
Na prática, a ideia é preparar os estados para identificar áreas com maior chance de atrair recursos externos e como “vender” isso ao estrangeiro que olha o Brasil com algum interesse. A feira deve funcionar como uma rede de interlocução permanente.
“É preciso capacitar nossos parceiros nos estados para receber o investidor, para se comunicar com ele (estrangeiro) e para mostrar quais são as oportunidades de investimento, a estrutura de investimento que o País oferece e os benefícios que os estados oferecem. Enfim, fazer com que de fato esse investimento se materialize, que aconteça no Brasil”, afirma Neves.
Para o chefe do Renai, que reúne informações sobre projetos em andamento no País, o ajuste fino no discurso federal e estadual de promoção do potencial brasileiro precisa ocorrer diante da profissionalização de países latino-americanos, que aceleram esse movimento de profissionalização para rivalizar com o Brasil.
“O que a gente vem percebendo é que, cada vez mais, os países se profissionalizam para receber esse investimento. Então, a partir desse momento, passa a ter que competir com os outros”, observa.
O objetivo do encontro também é reunir consultorias, embaixadas e interlocutores de investidores internacionais para apresentar locais e seus potenciais de investimento. O que se pretende, no final, é azeitar a chegada do capital internacional no País.
O coordenador do Renai considera também que a manutenção da colocação do Brasil entre os maiores destinatários do investimento internacional mostra o potencial do País para galgar posições no ranking mundial. “O Brasil sempre foi um receptor natural de Investimento Estrangeiro Direto”, afirma Neves.
Ele ressalta ainda que a turbulência econômica atravessada pelo País será superada a partir de 2016. “A decisão de investimento não está baseada no momento, ela olha com o horizonte mais longo. Neste sentido, o Brasil é o candidato natural na América Latina para receber esses investimentos”, disse.
Receptor
Em 2014, o Brasil recebeu US$ 62,5 bilhões em investimento direto internacional. O montante apresentou uma queda de 2,3% em relação ao volume de recursos do ano anterior. Apesar disso, o Brasil se manteve como o quinto maior puxador do chamado IED, segundo a Unctad.
No resto do mundo, a crise global ceifou 16,3% do capital estrangeiro em circulação para investimentos, que somou US$ 1,23 trilhão. Essa queda reverteu a lógica do investimento internacional. Os Estados Unidos, por exemplo, perdeu a liderança do ranking mundial pela primeira vez ao cair de primeiro para terceiro colocado, após ser ultrapassado pela China e Hong Kong.
Na avaliação Fabrizio Panzini, especialista em políticas de negociações internacionais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil mantém a posição mesmo ante a queda no fluxo mundial de investimento estrangeiro a partir da crise de 2009.
Segundo ele, isso ocorre devido ao ambiente regulatório em adaptação permanente para assegurar o capital privado e ao potencial do mercado doméstico. Não à toa, o setor de serviços e varejo é um dos que mais atrai investidores. “Acho que o Brasil é um caso de sucesso na recepção de capital estrangeiro”, disse Panzini.