Depois de concluir parceria com Senad, ONG Salve a Si duplicou número de dependentes químicos atendidos por ano; fundador vê ajuda do governo federal como fundamental para tornar organização referência no Centro-Oeste
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publicado:
26/06/2015 18h50
última modificação:
26/06/2015 21h10
Antes de iniciar o tratamento contra a dependência química, Luiz Alberto de Oliveira, 36 anos, havia entregue a vida à própria sorte. “Eu usava drogas”, respondeu à reportagem do Portal Brasil ao ser questionado sobre sua profissão. “Eu vivia para usar e usava para viver”, completou.
Há três meses “limpo”, ele convive com outros 90 adictos no Centro de Tratamento para Dependência Química Salve a Si, ONG apoiada pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), do Ministério da Justiça (MJ). Situado na divisa entre o Distrito Federal (DF) e o estado de Goiás (GO), o complexo tornou-se referência da região no tratamento de viciados em crack e em outras substâncias psicoativas.
“A Salve a Si entrou na minha vida quando ela estava tomada pelas drogas”, conta Cleiton Porto Santos, 31 anos, que chegou a passar sete anos em reclusão, mas conseguiu vencer a dependência química e quitar sua dívida na justiça. O tratamento custeado pela Senad permitiu a ele mudar de vida e tornar-se conselheiro-chefe da Salve a Si.
“Hoje não preciso lidar com minhas dificuldades com nenhuma substância psicoativa”, orgulha-se Cleiton. “Graças à parceria entre a Salve a Si e a Senad, eu posso ajudar meus iguais. Há vida após as drogas”, assegura.
Depois de conceder depoimento exclusivo ao Portal Brasil, Cleiton foi flagrado pela reportagem conversando com um amigo de infância e ex-residente visto perto de um ponto de venda de drogas. “Se você for usar, não faça, procura a gente antes”, pediu, por mensagem de voz enviada pelo celular.
Editais
José Henrique França Campos, fundador e administrador da Salve a Si, disse que a ONG já atendeu 2 mil pacientes. “Nosso papel é recebê-los imediatamente”, explicou. “Graças à Senad, nós dobramos o número de residentes por ano. A Salve a Si faz diferença hoje graças ao Ministério da Justiça”, acrescentou.
De acordo com o MJ, as comunidades terapêuticas precisam efetuar cadastro na Senad para poderem concorrer ao processo licitatório e receberem recursos. A pasta mantém convênios atualmente com mais de 300 delas e alcançou a marca de 8 mil vagas custeadas em todo o País.
O Ministério da Justiça paga R$ 1 mil mensalmente por acolhimento em comunidades terapêuticas conveniadas, chegando a custear até 50% das vagas nas organizações. No caso de gestantes ou mães com filho pequeno, o valor sobe para R$ 1,5 mil. A pasta informou, todavia, que o tratamento clínico é feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Na Salve a Si, os dependentes químicos contam com acompanhamento psicológico, social, e com atividades de reinserção. Além de oficina de marcenaria, os internos realizam trabalhos em uma estação digital de metarreciclagem. “Nós pretendemos agora uma fábrica de tijolos ecológicos”, adiantou Henrique.
Fonte:
Portal Brasil, com informações do Ministério da Justiça