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Simpósio discute uso de dados para programas de saúde em grandes eventos

Evento em Recipe (PE) buscou descobrir as melhores formas de usar o big data digital em prol da saúde pública


por Portal Brasil


publicado:
30/03/2015 17h29


última modificação:
30/03/2015 17h30

“Em termos de comunicação, somos todos agentes, agora, da maior revolução de todos os tempos: a internet”, disse na última quinta-feira (26) o chefe da Divisão de Publicidade e Promoção Institucional da Assessoria de Comunicação do Ministério da Saúde, Bruno Botafogo, durante sua apresentação no segundo dos três dias do simpósio internacional EpiCrowd – Detecção Digital de Doenças em Eventos de Massa, realizado em Recife (PE) entre 25 e 27 de março.

O evento reuniu grandes nomes para discutir uma ideia extremamente valiosa ao mundo contemporâneo – como melhor usar o big data digital [ou “a nuvem”] em prol da saúde pública, especialmente em torno de grandes eventos de massa.

Relativamente novo, o tópico participatory surveillance (ou “vigilância participativa”) – como o uso de redes sociais para a vigilância em saúde – ainda suscita inúmeras questões práticas e muitas dúvidas éticas quanto aos limites de sua atuação.

Neste contexto, na apresentação “Utilização dos aplicativos Tinder e Hornet para estratégias de prevenção em DST/AIDS”, Botafogo ressaltou que, num país complexo e continental como o Brasil, o conceito subjacente a toda a comunicação do Ministério da Saúde é “informação é saúde”, utilizando as múltiplas plataformas de comunicação hoje disponíveis à instituição e a seus esforços para engajar a população. “Ademais, o Ministério da Saúde sempre trabalha com a estratégia de comunicação envolvente”, explicou, acrescentando que a intenção básica dos esforços mais recentes tem sido deixar o maior número possível de “rastros digitais” na internet.

Quanto a estes rastros, Botafogo comemorou o notório sucesso da campanha empreendida recentemente pelo Ministério da Saúde nos aplicativos Tinder e Hornet, em prol da prevenção ao HIV/AIDS e do uso do preservativo. “A campanha foi extremamente bem aceita, especialmente por quem interagiu com os perfis que criamos”, afirmou – garantindo que as reações dos aplicativos chamaram ainda mais a atenção da mídia nacional e internacional.

“O Tinder cancelou nossos perfis, evidentemente – o que já era esperado –, e o Hornet endossou a nossa iniciativa; ambas as atitudes contribuíram para as milhares de menções que a campanha alcançou na internet”, disse.

O sucesso, neste caso, pôde ser mensurado pela atenção gerada, que assim reforçou a ideia básica que a campanha queria promover: “use camisinha”. Para o público-alvo da campanha no Brasil – homens que fazem sexo com homens (HSH) entre 15 e 24 anos de idade – nada melhor do que usar a linguagem e as mídias mais próximas. “Foi um sucesso”, concluiu Bruno Botafogo.

Big Data

A palestra “HIV e Mídias Sociais: Estímulo para o uso de preservativos, para a testagem de HIV e para a redução da discriminação”, do desenvolvedor web Colin Pantin, também mobilizou a atenção do público no Epicrowd em torno do uso do big data para fortalecer programas de HIV. Pantin – que é do Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais – explicou como o DDAHV se aliou a um esforço continuado do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) e do United Nations Global Pulse para aprender como se avalia o sucesso de campanhas de saúde pública por meio de redes sociais.

Foi o caso do que ocorreu em torno da recente campanha de prevenção “Proteja o Gol”, do UNAIDS com apoio do Ministério da Saúde, veiculada em 12 capitais brasileiras durante a Copa do Mundo da FIFA 2014.

Para tal, o Twitter foi escolhido como universo de análise. Para monitorar os tuítes postados nestas diferentes cidades brasileiras – antes filtrados em meio ao universo de cerca de 500 milhões de tuítes escritos todos os dias – foram empregadas várias hashtags, incluindo #protejaogol (ou #protectthegoal, em inglês). “Foi um enorme desafio criar a taxonomia necessária: tivemos de descobrir a linguagem e os jargões dos usuários do Twitter, e levar em conta erros de ortografia e abreviações em vários idiomas, por exemplo”, disse Colin. O esforço é continuado e vem sendo aprimorado para novos monitoramentos em torno de eventos de massa que serão realizados no futuro próximo.

A escolha da cidade de Recife para sediar o simpósio não foi fortuita: o Vale do Silício brasileiro abriga o maior parque de pesquisa tecnológica do País e é rica em capital humano nas áreas de tecnologia da informação e comunicação.

Fonte : 

Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais