Em Vitória, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, anunciou que uma das principais medidas envolverá as pessoas atingidas no processo de revitalização do rio
por Portal Brasil
publicado:
16/12/2015 19h40
última modificação:
17/12/2015 16h10
Um mês após a chegada da lama ao Espírito Santo, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, retornou, nesta terça-feira (16), ao Estado. Ela foi acompanhar o desdobramento das ações que estão sendo realizadas para minimizar os danos provocados pelo desastre ambiental que atingiu o rio Doce, desde o mês passado, com o rompimento de uma barragem com rejeitos de mineração em Marina, no interior de Minas Gerais.
Durante o encontro com o governador Paulo Hartung, em Vitória, Izabella Teixeira anunciou que uma das principais medidas envolverá as pessoas atingidas no processo de revitalização do rio. “Pretendemos dar oportunidades aos que perderem a sua principal fonte de trabalho. O processo de revitalização não acontece só na área técnica, econômica, financeira ou ambiental. Mas também pelo social e pelo engajamento das pessoas”, destacou.
Segundo a ministra, muitas pessoas foram atingidas diretamente não apenas na questão do abastecimento de água, mas também em suas atividades econômicas. “Elas estão recebendo subsídios, salários. Mas acredito que a melhor proposta é utilizar, na revitalização do rio, mão de obra local”, anunciou. “Quem cuida da casa faz mais rápido e com mais carinho. Vamos conversar com quem conhece a fundo o rio Doce”, afirmou.
Estratégia
A estratégia será definida melhor nas duas próximas semanas, ainda até o final deste ano, em reuniões com as áreas ambientais e jurídicas dos governos federal e dos Estados atingidos, com a participação efetiva dos comitês de bacias do rio Doce.
A agenda de trabalho definirá as próximas ações dos governos Estaduais e federal, buscando, principalmente, estabelecer a estratégia de governança do Plano de Revitalização do rio.
Compromisso
Para o governador Paulo Hartung, a visita da ministra à região traz esperança e alívio para as pessoas atingidas, que vivem na calha do rio. “Na reunião que tivemos em Linhares, na ocasião da chegada da lama ao mar, a ministra prometeu que assim que retornasse da Conferência das Partes (COP 21), realizada em Paris, regressaria ao Estado para se encontrar com a população atingida e para acompanhar os trabalhos realizados até agora”, lembrou.
A ministra Izabella Teixeira ressaltou que a Agência Nacional de Águas (ANA), o Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e os institutos do Espírito Santo e de Minas atestaram a qualidade da água. “Os dados oficiais são esses. A ANA e os institutos possuem um sistema de monitoramento da qualidade com série histórica, o qual está disponível, de forma atualizada, no site da ANA”, acrescentou.
A ministra voltou a lembrar que o acidente está vivo. “Estamos em época de chuvas, com a lama descendo, numa situação diferente de antes, mas em curso”, disse. “O monitoramento do impacto na fauna, flora e no rio continua e é permanente.”
Acordo
Em relação à estratégia jurídica, Izabella lembrou que foi ajuizada ação civil pública em conjunto pelos governos federal e dos Estados atingidos, mas que há indícios de que a empresa tem interesse em fazer um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC). “O que buscamos é dar transparência total ao processo: o TAC não isenta a empresa numa responsabilidade civil e criminal”, argumentou. “Buscamos construir uma solução para devolver o rio à sociedade, revitalizando-o, com trabalho, transparência e união.”
Para o governador do Espírito Santo, o melhor caminho é mesmo o acordo com a empresa. “Isso traria mais agilidade ao processo e um espaço de diálogo maior. Queremos deixar o rio melhor do que antes. E vamos todos trabalhar continuamente para isso”, acrescentou.
Após a agenda com o governador, a ministra foi para Regência para uma reunião aberta com a comunidade, associações de moradores e pescadores dos municípios de Regência e Povoação, comerciantes, autoridades municipais e Estaduais.
Nesta quinta-feira (17), em Aimorés (ES), a ministra realizará uma visita técnica ao Instituto Terra, do fotógrafo Sebastião Salgado, e se encontrará com produtores rurais e pessoas diretamente atingidas pelo desastre. “Queremos entender qual a realidade do povo e poder, com isso, propor ações que possam dialogar, de fato, com a situação local. Assim, junto com a natureza, pretendemos revitalizar o rio o mais rápido possível”, explicou.
Fonte: Portal Brasil, com informações do MMA