Dilma e presidentes da região participam de encontro da Celac; fim do ciclo das commodities e negociações de paz na Colômbia devem entrar na pauta
por Portal Brasil
publicado:
21/01/2016 21h15
última modificação:
22/01/2016 17h52
A Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) se reúne, nesta terça (26) e quarta-feira (27), em Quito, no Equador, para discutir uma agenda comum de desenvolvimento e combate às desigualdades. Entre os temas que devem centralizar os debates estão as dificuldades para o crescimento econômico na região, com o fim do ciclo de valorização das commodities, e as negociações de paz na Colômbia.
O encontro dos presidentes de países da região será o quarto promovido pela comunidade, criada em 2008, após iniciativa do Brasil. A presidenta Dilma Rousseff participará do encontro, conforme agenda divulgada, nesta quinta-feira (21), pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE). “É fundamental que haja entre os países da América do Sul, Central e do Caribe um foro no qual possamos avançar a pauta comum”, disse o subsecretário-geral do Itamaraty para a região, embaixador Paulo Estivallet de Mesquita.
Ele ressaltou a relevância do encontro em meio às dificuldades econômicas de parte dos países-membros, com a queda da demanda por commodities na Ásia, especialmente na China. “Esse ciclo aparentemente acabou e é um desafio para os países latino-americanos. Isso gera oportunidades e a percepção clara de que é necessário criar outras fontes de crescimento e dinamismo ao comércio”, observou.
A reunião da Celac deve ser uma oportunidade também para o Brasil potencializar conversas em andamento, sobre acordos bilaterais de livre comércio, mantidas com países como Chile e Peru. “Existe uma percepção na região de que é importante e necessário que a integração busque novos eixos para avançar”, avaliou Mesquita.
A presidenta Dilma deve, ainda, voltar a conversar com o presidente do México, Enrique Piñera Neto, sobre a ampliação do acordo que hoje se restringe ao setor automotivo.
Logística
Dilma chegará a Quito, na terça-feira (26), onde será recebida pelo presidente Rafael Correa como chefe de Estado em visita oficial ao Equador. O encontro no Palácio de Carondelet, sede do governo equatoriano, deve discutir o interesse do país vizinho em replicar programas sociais brasileiros.
A construção de um corredor logístico ligando Manaus e a um porto no Equador, por hidrovia e rodovia, deve entrar na conversa de Dilma com Correa. O corredor pode ser usado para escoar produtos brasileiros via Oceano Pacífico, com redução de 10 dias em relação à travessia do Canal do Panamá, tornando as exportações mais baratas.
“Isso [o corredor logístico] abre uma possibilidade importante não só para o comércio entre os dois países, mas também para a exportação de produtos brasileiros, especialmente da região Norte, para o pacífico via esse porto no Equador”, avaliou o embaixador Mesquita.
A infraestrutura será um dos pontos de discussão da Celac. Os países ainda não definiriam os mecanismos regionais que poderiam ser colocados em prática para atrair investimentos da China. Pequim já manifestou interesse em trazer investimentos para obras na América Latina.
Colômbia
As negociações de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) são consideradas entre os temas possíveis da pauta dos chefes de Estado. “Temos notícia de que a Colômbia gostaria que países da Celac contribuíssem, e o Brasil já deu indicações de que estaria disposto a colaborar”, indicou Mesquita.
A expectativa é de que o governo colombiano peça auxílio na checagem do desarmamento. O Brasil pode ajudar também na retirada de minas terrestres, o que já foi feito pelo País em outras regiões. “Há toda disposição de colaborar com isso”, sugeriu o embaixador.
De acordo com o Itamaraty, a Colômbia já havia manifestado interesse em replicar nas zonas desmilitarizadas o programa de agricultura familiar do Brasil, que vincula a produção à aquisição de alimentos para merenda escolar.
Fonte: Portal Brasil, com informações do Itamaraty