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Brasileira participa de pesquisa na área de câncer de mama na Austrália

O resultado da pesquisa trouxe retorno significativo à estudante: a publicação de um pôster na Ranzacr Conference em Adelaide, Austrália


publicado:
12/03/2016 14h00


última modificação:
11/03/2016 20h09

A bolsista do programa Ciência sem Fronteiras Camila Vidotti realizou graduação-sanduíche em Sidney, Austrália, e pôde participar de um projeto de pesquisa na área de câncer de mama e percepção radiológica. O resultado da pesquisa trouxe retorno significativo à estudante: a publicação de um pôster na Ranzacr Conference em Adelaide, Austrália, e de um artigo na SPIE Conference em San Diego, Estados Unidos. Para a conferência norte-americana, realizada no início de março, a estudante brasileira foi convidada a dar uma palestra sobre a pesquisa realizada durante o estágio.

O câncer de mama é um dos tipos mais comuns de câncer, com alta incidência mundial e uma causa importante de morte entre as mulheres. “Felizmente, a taxa de mortalidade vem caindo, principalmente devido à detecção precoce desse câncer por meio do uso da mamografia, exame de raios-X das mamas. No entanto, esse tipo de exame é um dos mais complexos de serem interpretados e os radiologistas precisam ser muito qualificados para a observação correta das mamografias. Desse modo, muitos cânceres deixam de ser diagnosticados, e mulheres são frequentemente categorizadas com um diagnóstico de incerteza, gerando ansiedade, necessidade de mais exames e procedimentos médicos desnecessários”, conta a estudante.

Camila, que é aluna do quarto ano de medicina da Universidade Federal de Viçosa, teve oportunidade de participar de uma pesquisa com dois grandes experts em percepção radiológica, Professor Patrick Brennan e Dr Mohammad Rawashdeh na Universidade de Sydney. “Essa pesquisa teve como objetivo melhorar o diagnóstico radiológico do câncer de mama, identificando quais as principais características dos radiologistas que interferem na categorização correta de uma lesão de mama em benigna ou maligna, e diminuir os diagnósticos de incerteza que levam a um alto impacto emocional nas mulheres e aumento os gastos em saúde”, explica.

O estudo foi feito por meio de uma coleta de dados, análises estatísticas e revisão de literatura. “Nossa pesquisa teve resultados relevantes e a publicação do nosso artigo ‘Investigating the link between the radiological experience and the allocation of an ‘equivocal finding’’ [Investigando a experiência radiológica e a categorização em achados ambíguos] foi aceita em uma das maiores conferências mundiais em imagens médicas chamada ‘SPIE-Medical Imaging’. Para essa conferência, fui convidada para a apresentação oral da minha pesquisa e espero que o resultado da nossa pesquisa e a minha apresentação tenha impacto na melhora do diagnóstico precoce do câncer de mama.”

Experiência no exterior

Apesar das conquistas adquiridas com o programa, a bolsista conta que integrar o Ciência sem Fronteiras e ir para o exterior não foi uma decisão fácil. “Tive de pensar muito antes de tomar minha decisão final e, confesso, cheguei a desistir várias vezes, pois teria de abrir mão da vida que eu estava acostumada aqui no Brasil. Até que o representante do CsF me ligou e tive de dar minha palavra final. E aí, conversando com um amigo, ele me disse assim: ‘sair da sua zona de conforto é um tanto quanto apavorante, mas você vai ter a oportunidade de vivenciar as piores e melhores experiências da sua vida, sendo que, eu te garanto, as melhores serão em maior quantidade’. Então eu decidi ir, e foi exatamente o que aconteceu.”

Para Camila, a adaptação à outra cultura teve desafios, mas os ganhos obtidos foram maiores. “Tive várias dificuldades, principalmente no começo, pois é difícil se adaptar a uma nova cultura, na qual a Língua é diferente, a comida e os hábitos também. Mas, ao mesmo tempo, consegui crescer em muitas áreas da minha vida e vivenciar momentos únicos. Em termos acadêmicos, consegui a fluência no inglês, expandir minha ‘network’, conhecendo muitos profissionais excelentes na área médica e aumentar as opções de caminhos a seguir após eu formar.”

A experiência de graduação-sanduíche também serviu para a então bolsista ter outro olhar sobre o próprio País. “Aprendi também a valorizar mais o Brasil, já que várias vezes os meus supervisores e professores da faculdade falavam que ficavam impressionados com a minha pró-atividade e o conhecimento dos brasileiros em geral que estavam estudando lá. Também conheci pessoas excelentes de diversas partes do mundo que me ensinaram diversos aspectos positivos de cada cultura deles, como ter mais disciplina, ser mais pontual, ser mais solícita e sempre buscar o autoconhecimento. Em resumo, aprendi a ser mais confiante e independente, ir atrás do que eu quero e não desistir facilmente frente aos obstáculos”, conclui.

Curso de Línguas

No âmbito do Ciência sem Fronteiras, Camila teve a oportunidade de estudar Inglês durante seis meses na Universidade de Sydney. “Nos primeiros três meses, tive um curso preparatório para a prova de proficiência, e os últimos três foram de Inglês acadêmico e avançado. Todo o curso foi essencial para a minha vida acadêmica e pessoal. Ter feito o curso me ajudou muito a conseguir fluência no Inglês e não ter tanta dificuldade para assistir às aulas da faculdade ou fazer trabalhos que demandavam leitura e escrita em inglês acadêmico”, afirma.

O curso de Línguas também foi um espaço importante para a integração com outros alunos intercambistas de diferentes nacionalidades. “Conheci pessoas do mundo inteiro (Itália, China, Paquistão, Chile, Jordânia, Irã) que estavam passando pelas mesmas dificuldades que eu com a Língua estrangeira e cultura nova. Por isso, criamos um vínculo muito forte, já que um apoiava o outro, e conseguimos superar as dificuldades juntos. Hoje, por causa do curso, tenho muito mais facilidade em ler artigos, livros científicos e escrever artigos em inglês e ainda mantenho contato com meus amigos que criei no curso.”

CsF

Lançado em dezembro de 2011, o Ciência sem Fronteiras busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. A iniciativa é fruto de esforço conjunto dos Ministérios da Educação (MEC) e da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) por meio de suas respectivas instituições de fomento – Capes e CNPq. Ao todo, 101.446 bolsas foram concedidas em quatro anos, conforme meta inicial do programa.

Fonte: Portal Brasil, com informações da Capes