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Com retomada da confiança, economia inicia recuperação

Mercado financeiro começa a rever projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) e projeta crescimento a partir do próximo ano


por Portal Brasil


publicado:
06/06/2016 16h28


última modificação:
07/06/2016 15h32

Com a posse do governo interino e as medidas de estabilização propostas pela nova equipe econômica, o mercado financeiro começa a rever projeções para a economia. As expectativas para o Produto Interno Bruto (PIB, soma de todas as riquezas produzidas no País) dão os primeiros sinais de reversão, e a queda da atividade econômica pode se tornar menos intensa.

Dados do Boletim Focus, uma publicação semanal na qual o Banco Central reúne as projeções de cerca de 100 analistas, mostra que os economistas começam a desenhar números melhores para futuro.

Apenas entre a semana passada e esta, as projeções para o PIB de 2016 melhoraram em 0,10 ponto percentual: antes, esperava-se uma queda de 3,81%; agora, de 3,71%.

Alexandre Cabral, professor de economia da Fundação Instituto Administração (FIA), avaliou o resultado do PIB do primeiro trimestre, que mostrou uma queda de 0,3%, como surpreendente. “As expectativas deram uma melhora para 2016”, observou.

“Estou um pouco mais otimista que a média do mercado, acho que o PIB deste ano deve ficar próximo de -3%. Ainda faltam seis meses para o ano acabar e tudo pode mudar, mas estou menos pessimista”, afirmou.

Cenários

Esses números podem melhorar mais nas próximas semanas. O resultado do PIB do primeiro trimestre, que mostrou uma queda menor que o esperado, contribuiu positivamente para a mudança nas últimas projeções do mercado e parte dos analistas ainda não teve tempo de rever seus cenários após a divulgação do dado.

O presidente interino, Michel Temer, durante entrevista na semana passada para um canal de televisão, afirmou que o novo governo começa a produzir efeitos positivos, apesar de ter apenas alguns dias.

“Quero registrar que a queda do PIB foi menor do que aquela que se esperava. Esperava-se 0,8%, e caiu 0,3%. O que já é um indicativo de que este brevíssimo período em que nós estamos governando já produziu algum efeito positivo”, argumentou o presidente.

As expectativas também apresentaram uma melhora para o próximo ano. Entre a semana passada e esta, a projeção para o PIB de 2017 passou de uma alta de 0,55% para 0,85%.

Antes de o governo interino assumir, quando o País ainda estava em meio a um processo de deterioração da confiança, as projeções para a economia no próximo ano chegaram a mostrar um crescimento de apenas 0,20%.

Números indicam interrupção de queda e sinais de recuperação da economia

Custo de vida

Um ponto que ainda preocupa os analistas é o custo de vida. De acordo com o Boletim Focus, o ano deve terminar com uma inflação de 7,12%. Para reverter esse quadro e tentar colocar o indicador dentro do limite de tolerância, o governo tem tomado uma série de medidas, principalmente para controlar os gastos públicos, o que tem impacto direto sobre os preços ao consumidor.

Entre os economistas que mais acertam as previsões, grupo chamado de Top 5, apesar do custo de vida mostrar alguma resistência, há uma ligeira melhora. A projeção para a inflação do ano chegou a 8,13%.

Agora, nesta última semana, recuou para 7,09%. Apesar de ainda estar acima da meta, que tem como limite de tolerância um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 6,5%, apresenta uma tendência de melhora.

Indústria

Os dados da Associação Nacional dos Veículos Automotores (Anfavea) de maio, divulgados nesta segunda-feira (06), também mostram alguma recuperação da economia, reforçando dados da produção industrial divulgados pelo IBGE na semana passada.

A produção de automóveis, segundo levantamento da entidade, cresceu 3,2% entre abril e maio, passando de 169,8 mil para 175,3 mil. Os licenciamentos também avançaram, registraram alta de 2,8% no período de comparação, subindo de 162,9 mil para 167,5 mil.

Entre as máquinas agrícolas e rodoviárias, o crescimento foi ainda mais expressivo. As vendas aumentaram 19,3%, de 2,9 mil para 3,4 mil. As exportações nesse segmento também apresentaram números positivos, com uma alta de 16% e faturamento de US$ 940 milhões – em abril, essas operações haviam arrecadado US$ 810 milhões.

Fonte: Portal Brasil