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Em 12 anos, dobrou o número de negros em pós-graduações

Número de estudantes negros, soma de pretos e pardos, no mestrado e no doutorado passou de 48,5 mil para 112 mil


por Portal Brasil


publicado:
13/05/2015 18h18


última modificação:
13/05/2015 18h18

O número de estudantes negros (soma de pretos e pardos) no mestrado e no doutorado mais que duplicou de 2001 a 2013, passando de 48,5 mil para 112 mil, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad). Considerando apenas os estudantes pretos, o número passou de 6 mil para 18,8 mil, um aumento de mais de três vezes.

Embora representem a maior parte da população (52,9%), os estudantes negros representam apenas 28,9% do total de pós-graduandos. O número de estudantes brancos nessa etapa de ensino também aumentou nos últimos 12 anos, passando de 218,8 mil para 270,6 mil.

“A comunidade negra tem cada vez mais mestres e doutores formados. Tem mais pessoas habilitadas a fazer pesquisa, a liderar pesquisa. Mas a universidade, a academia, ainda é controlada pelos interesses dos brancos”, analisa a coordenadora da organização não governamental (ONG) Criola e doutora em Comunicação e Cultura, Jurema Werneck.

Levantamento divulgado este ano pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) mostra que, das 91.103 bolsas de formação e pesquisa do instituto em janeiro de 2015, 26% eram destinadas a estudantes negros, enquanto 58% eram para brancos. O percentual de indígenas não atinge 1%. Cerca de 11% dos bolsistas não declararam raça.

“O racismo no ambiente de pesquisa não está só vinculado à presença ou ausência de pesquisadores negros. O racismo na pesquisa é exercido na produção científica atual, ela é voltada claramente para o racismo. Não tem dado raça/cor, isso não é pesquisado, por exemplo”, analisa Jurema.

Para a doutoranda em comunicação Kelly Quirino, há uma dificuldade em abordar a questão racial no Brasil. “A gente tem introjetado que vive numa democracia racial. Percebo tanto na faculdade quanto em outros setores sociais a dificuldade de abordar essa questão”, diz.

“A maior dificuldade que encontro é estar em um espaço universitário onde não se consegue nem o número de estudantes negros na pós-graduação. Quando esses estudantes estão, há a dificuldade em se trabalhar com a temática racial. A academia [brasileira] é uma academia elitista”.

Fonte:

Agência Brasil