Seis sistemas de dessalinização foram entregues no estado, um deles com painéis fotovoltaicos, que beneficiarão 1.500 moradores do semiárido
por Portal Brasil
publicado:
18/06/2015 16h29
última modificação:
18/06/2015 16h29
O governo federal, em parceria com o governo do Rio Grande do Norte, entregou, na quarta-feira (17), o primeiro sistema de dessalinização alimentado por energia solar. O projeto piloto, instalado no assentamento Maria da Paz, município de João Câmara (RN), oferta água potável para 220 pessoas. Os moradores do assentamento assistiram a cerimônia de entrega deste e de outros cinco sistemas que já estão operando em comunidades vizinhas, que beneficiarão 1.500 pessoas.
Foram entregues os dessalinizadores das comunidades Açucena e Boa Sorte, também no município de João Câmara, Limão/Limoeiro, no município de Parazinho, Bom Sucesso, no município de Pedra Grande e Catinga Grande no município de São José do Seridó.
O secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Ney Maranhão, destacou três vantagens significativas do sistema de dessalinização solar: “Agora podemos atender localidades que tenham energia deficitária”, disse. “Os painéis fotovoltaicos garantem maior autonomia às comunidades, que deixam de depender da prefeitura ou outra instituição para arcar com a conta de luz e o custo da adaptação para captar a energia do sol é baixo.”
Escassez de água
Dona Maria de Fátima, merendeira da única escola local e moradora do assentamento há mais de 12 anos, relatou o grande sofrimento da comunidade com a falta d’água. Ela contou que, enquanto algumas famílias conseguiam comprar água mineral para beber, outras tinham que beber a água que colhem da chuva (hábito comum na região). “A água da chuva que a gente junta de cisterna é suja, vem das telhas, carrega até inseto. É água que serve pra gente lavar roupa, usar no banheiro, mas não para tomar, mas como não tinha outra a gente tomava”, lembrou. “As crianças tinham muito verme, diarréia. Era muito difícil.”
Ela se anima ao contar como mudou depois da chegada do Água Doce: “Hoje nós temos água boa, limpa. Essa água é de qualidade, é melhor que água mineral e é suficiente para a comunidade toda beber e cozinhar. É uma riqueza, a maior riqueza que poderíamos ter. Parece que estamos no céu”, afirmou.
O presidente da Associação Comunitária do Assentamento Maria da Paz, João Maria Martins, afirmou que o PAD veio para mudar a situação local: “A gente tinha dois poços desativados e com o programa conseguimos reativar um dos poços. O Programa Água Doce foi um sonho, resolveu muita coisa aqui”, assegurou.
Tendência
O coordenador Nacional do Programa Água Doce, Renato Ferreira, explicou que a unidade é um projeto piloto e a tendência é que ela seja implantada em outras comunidades rurais, pois o sistema aumenta a sustentabilidade energética, ambiental e social da comunidade. “Esse sistema utiliza energia limpa e ainda fornece uma autonomia para a comunidade que deixa de se preocupar com conta de luz”, ressaltou.
Para a coordenadora estadual do Programa Água Doce e secretaria adjunta de Recursos Hídricos, Ieda Cortez, o programa é muito importante para essa região marcada por assentamentos, pois traz uma solução permanente diante da escassez de recursos hídricos vivenciada no local. “O Rio Grande do Norte é o estado que tem uma incidência solar altíssima e temos que aproveitar isso, levar para outras regiões do estado como o Seridó, Autoeste e o Agreste”, destacou.
Programa Água Doce
A iniciativa tem o objetivo de estabelecer política pública permanente de acesso à água de qualidade para o consumo humano, por meio do aproveitamento sustentável de águas subterrâneas, incorporando cuidados técnicos, ambientais e sociais na implantação, recuperação e gestão de sistemas de dessalinização. É uma ação realizada em parceria com diversas instituições federais, estaduais, municipais e sociedade civil.
O convênio com o estado do Rio Grande do Norte tem como meta a implantação, recuperação e gestão de 153 sistemas de dessalinização, no valor de R$ 20 milhões. beneficiando 61,2 mil pessoas.
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