Dilma Rousseff afirmou que a vacina contra a dengue desenvolvida pelo instituto Butantan poderá beneficiar populações em todo o mundo
publicado:
22/02/2016 19h59
última modificação:
22/02/2016 19h59
A presidenta Dilma Rousseff afirmou nesta segunda-feira (22), em São Paulo, que a vacina contra a dengue desenvolvida pelo instituto Butantan, que entrou hoje em fase de testes com voluntários, é uma vitória do Brasil e poderá beneficiar populações em todo o mundo, além de abrir perspectivas para a imunização contra o zika vírus. A afirmação foi feita durante o repasse de R$ 100 milhões do Ministério da Saúde para financiar essa que é a última fase da pesquisa.
“O dia de hoje, sem dúvida, representa um avanço para o nosso País porque a vacina é contra os quatro sorotipos da dengue”, disse a presidenta. Diferentemente de outras já produzidas, a vacina desenvolvida no Brasil em parceria com o National Institutes of Health (NIH) dos Estados Unidos é tetravalente e poderá proteger a pessoa contra os quatro tipos de vírus da doença com uma única dose. A previsão é de que sua eficácia seja superior à alcançada até agora, por produtos semelhantes.
Dilma destacou ainda que o desenvolvimento do imunizador mostra que o País tem fortes instituições e laboratórios de pesquisa. “Também afirma o papel do Brasil – e aí o Instituto Butantan está de parabéns – como País que tem um laboratório capaz de produzir uma vacina que seria usada por uma parte importante da humanidade. Enfim, trata-se de um momento extremamente auspicioso”.
No Butantan, a presidenta acompanhou a inoculação da vacina nos dez primeiros voluntários. Os testes iniciais serão feitos, em São Paulo, com 1,2 mil voluntários que foram recrutados pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), maior complexo hospitalar da América Latina. O hospital é um dos 14 centros credenciados pelo Butantan para os testes, que devem envolver 17 mil participantes de 13 cidades do País. O teste clínico deve durar um ano e a expectativa do instituto é que a vacina esteja disponível a partir de 2018 no País.
Além dos recursos do Ministério da Saúde, o governo federal deve repassar ao Butantan outros R$ 100 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de um contrato da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e R$ 100 milhões do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES). Dilma lembrou que o contrato assinado hoje foi possível graças ao novo marco legal da Ciência, Tecnologia e Inovação, assinado por ela recentemente.
Perspectivas com relação ao zika
A presidenta ressaltou ainda que agora o desafio é desenvolver uma vacina contra o vírus zika. Um dos caminhos seria transformar a vacina da dengue de tetravalente em pentavalente, que cobriria também o da zika. Essa seria uma alternativa ao desenvolvimento de uma vacina exclusiva para esse fim. “Esse é um momento muito especial porque nós estamos diante de um desafio. Nós estamos diante do desafio que, afinal, tem a ver tanto com essa doença – dengue. Mas também tem a ver com a febre chikungunya e com o vírus zika”.
Nesse sentido, Dilma lembrou que o governo também vai apoiar, a partir de hoje, a pesquisa para o desenvolvimento de um soro destinado ao tratamento das condições de pessoas que já contraíram o zika. E que vem fechando parcerias com diversas instituições, como o Instituto Evandro Chagas e a Universidade do Texas, a fim de desenvolver uma vacina contra essa doença.
“Amanhã [23], teremos uma reunião com a Margaret Chan, que é a diretora-geral da Organização Mundial de Saúde. Com isso, pretendemos ter uma série de caminhos para chegar a essa que é uma questão decisiva, que é a vacina também contra o zika vírus. E acredito que o desenvolvimento que hoje nós assinamos, que foi a segunda assinatura, é algo bastante relevante. Porque é um soro que pode permitir o tratamento das pessoas que foram contagiadas com o vírus zika”.
Faxina: mobilização deve continuar
Dilma ressaltou que, enquanto ainda não existe uma vacina contra o zika, a única forma efetiva de evitar a doença e o nascimento de mais crianças com microcefalia é exterminar os criadouros do mosquito, eliminando os focos de água parada. “Até lá, nós temos esse compromisso conosco mesmo”, disse.
Ela enfatizou que essa é uma responsabilidade de todos, já que dois terços dos focos estão dentro das residências. “Eu tive uma informação de que, pelo menos aqui em São Paulo na cidade de São Paulo, quase 80% dos criadouros se encontram dentro das casas”. Mas reforçou sua crença na mobilização da população para sanear o País. “Como dissemos na nossa campanha, o mosquito não é mais forte que a consciência da sociedade civil, de todos nós da população brasileira organizada”.
A presidente pediu que os brasileiros mantenham o objetivo de garantir uma vez por semana, por 15 minutos, uma vistoria preventiva nas próprias casas para eliminar criadouros, seja em vasos de flores, em plantas como bromélias, pneus velhos, painéis de geladeira, garrafas PET, tampinhas de garrafas e outros locais onde a água parada se acumula.
Fonte: Blog do Planalto