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Vilas criadas pela Integração do São Francisco são símbolo do progresso do Nordeste

A transposição do Rio São Francisco já entregou 16 vilas. Há ainda mais duas em processo de finalização


por Portal Brasil


publicado:
06/05/2016 17h35


última modificação:
09/05/2016 10h41

“Se tivesse tido a sorte de ser moço hoje, realizaria meu sonho de ser doutor. Mas na minha época, a gente nascia para trabalhar na roça.” A frase de Gilson Souza, 40 anos, motorista profissional, resume bem o sentimento dos moradores da Caatinga nordestina quando o assunto é o desenvolvimento da região nos últimos 14 anos.

Nesta sexta-feira (6), quando a presidenta Dilma Rousseff chegar para visitar a segunda estação de bombeamento (EBI-2) do Eixo Norte do Projeto de Integração do Rio São Francisco, em Cabrobó (PE), exatamente às 15h30, os nordestinos terão mais um motivo para manter seu orgulho de pé.

“O senhor não tem ideia da brenha [matagal] que era a minha casa. Um grogotó [lamento]. A gente chorava, era muito triste. Não tinha água, moço”, comenta Damiana Pereira Matias, 56 anos, uma das moradores da Vila Produtiva Rural (VPR) Recanto, em Penaforte, no Ceará. “Não acreditava que iria ganhar essa casa”. Ela, com sua família, é uma das milhares de retirantes que viviam isolados no sertão e que tiveram suas terras desapropriadas para a passagem da obra que transforma a paisagem local.

A transposição do Rio São Francisco já entregou 16 vilas. Há ainda mais duas em processo de finalização. Além da infraestrutura, como banheiro dentro de casa e sumidouro, têm escola e posto de saúde. Ficar próximas das estradas que cortam a região, possibilitando que o sertanejo complete seus estudos nos municípios, é outra das vantagens citadas. Cada vila tem de 17 a 145 famílias, dependendo da região. “Ah, meu filho. Agora a gente mora tudo perto um do outro. Isso é muito bom.”

Do outro lado da rua, Aline Santos, 18 anos, é uma mostra do quanto a transposição do São Francisco mexeu com a estrutura social da região. “Quando pensam no Nordeste, as pessoas têm a ideia de uma mulher com dois filhos pendurados no braço e um balde na cabeça”, diz ela, técnica em informática “graças à escola técnica” e à espera de uma oportunidade de entrar na faculdade e fazer Assistência Social. “Isso acabou, o Nordeste cresceu muito. Não tem volta.” Na porta de sua casa, um cartaz “formata-se celulares” dá pista sobre seu ganha pão. “Aprendi no curso.”

Alguns quilômetros adiante, na VPR Uri, já em Salgueiro, Pernambuco, Lúcia de Fátima Maria, 50 anos, abre um sorriso largo para falar do filho Hélder Vinícius Januário, 18. Estudante de Educação Física, ele não segue os passos da geração anterior, que tinha na lavoura a única opção de sobrevivência na região. “É uma profissão que está gerando muito emprego, porque têm poucos profissionais capacitados”, diz. Seu foco, no entanto, não é apenas as academias como as que existem nas proximidades de sua vila. Mais importante é montar seu próprio negócio. “Nunca pensei que iria me formar. O ensino era muito ruim. Mas consegui e estou estudando.”

Fonte: Portal Brasil, com informações do Blog do Planalto