Meta será recuperar adolescentes de 15 a 17 anos que abandonaram o Ensino Médio, a partir de currículo flexível
por Portal Brasil
publicado:
22/03/2016 19h27
última modificação:
22/03/2016 20h46
O Censo Escolar 2015, divulgado nesta terça-feira (22) pelo Ministério da Educação (MEC), estima em 3 milhões o número de crianças e adolescentes longe das escolas. A evasão é maior entre jovens de 15 a 17 anos, que somam mais de 1,6 milhão de estudantes que abandonaram o Ensino Médio. A realidade levou o MEC a elaborar um programa para atrair esses estudantes para a rede pública. “Todo ano esse número aparece (no censo), mas nós não aceitamos mais. Esse jovem não é só estatística”, afirmou o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Segundo ele, a proposta está em elaboração para ser apresentada em abril, a partir do mapeamento do endereço dos estudantes. A ideia é ganhar a adesão de prefeituras e governo estaduais para recuperar esses jovens. “Os prefeitos têm de estar nisso e, principalmente, as secretarias estaduais. Acho que vai dar um trabalho grande, mas acho que o Brasil deve isso a esses jovens”, disse.
A maior parte da evasão ocorre nos anos finais do Ensino Médio. Mercadante avaliou que isso se deve ao choque sofrido por estudantes mal formados no Ensino Fundamental, que chegam ao Médio com dificuldade para lidar com o currículo escolar de 13 disciplinas.
De acordo com o Censo Escolar, a taxa de aprovação cai de 91,7% na 5ª série do Fundamental para 81,6% na 6ª série. Essa taxa de mantém abaixo dos 90% devido à dificuldade na transição para o ensino com múltiplos professores, iniciado na 6ª série. Essa dificuldade, portanto, segue no Ensino Médio. Em 2014, a taxa de aprovação nos anos finais do Médio foi de 84,8% dos alunos.
Para corrigir a distorção, o governo federal elabora uma proposta de mudança do currículo escolar. A intenção é flexibilizar a grade curricular para permitir ao aluno se aprofundar nas suas áreas de maior afinidade.
A proposta inclui também a ampliação do período diurno de 4 para 5 horas diárias. A educação diurna concentrou 76,4% dos 8,1 milhões de estudantes matriculados no Ensino Médio em 2015 e a meta é ampliar essa fatia. “A ideia é passar para uma jornada de 5 horas diurnas, mas com um currículo muito mais flexível e aberto. Se a escola não dialogar com o interesse desse jovem é o fim”, avaliou.
Profissionalizante
O MEC também irá estimular a entrada dos jovens que saíram da escola a voltar por meio de cursos profissionalizantes. O objetivo será atrair interessados nas 2 milhões de vagas do Pronatec para a conclusão do Ensino Médio.
Haverá também um fortalecimento dos cursos de Educação de Jovens e Adutos (EJA), voltados para maiores de 18 anos, que foram frequentados por 3,4 milhões de pessoas em 2015. Esses estudantes vão poder fazer um novo exame para adquirir os certificados de conclusão do Médio.
Esses estudantes podem, atualmente, fazer o Enem e a proposta é criar uma prova com menos complexidade para validar os diplomas do EJA. “Será um exame mais adequado para eles, porque o Enem é muito pesado para o jovem do EJA”, disse Mercadante.
Alfabetização
O MEC anunciou a unificação de programas de alfabetização (PNAIC), de bolsa de iniciação à docência (PIBID) e o Mais Educação, que oferece bolsas para professores. Esses programas vão focar em 26 mil escolas em todos País, onde estudam 10 milhões de alunos do Ensino Fundamental. Essas escolas concentram 70% dos avaliados com alfabetização incompleta no 5º ano.
A ideia é fortalecer os programas para melhorar o rendimento dos estudantes e dos professores. Já no caso dos diretores das escolas, o ministério vai oferecer 30 mil vagas em cursos de preparação. Esses profissionais irão voltar às universidades e institutos federais para obter o certificado de diretor.
Fonte: Portal Brasil com informações do MEC