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Metade dos brasileiros está com excesso de peso

Pesquisa do Ministério da Saúde mostra que o índice de obesidade permanece estável e a população está fazendo mais atividades físicas

O Ministério da Saúde divulgou, nesta quarta-feira (15), levantamento que mostra um retrato do estilo de vida (alimentação, atividades físicas) da população brasileira. Segundo a pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 52,5% dos brasileiros estão acima do peso ideal, de acordo com dados de 2014. Mas uma boa noticia é que o índice de obesidade ficou estacionado.

Há nove anos, segundo a pesquisa, o excesso de peso da população brasileira atingia 43% das pessoas – o que representa um crescimento de 23% no período. Também aumentou a proporção de quem tem mais de 18 anos com obesidade (17,9%). É considerada obesa a pessoa com índice de massa corporal (IMC) acima de 30. O IMC de “excesso de peso” varia entre 25 e 30.

“O mais importante para o Brasil neste momento é deter o crescimento da obesidade. E nós conseguimos segurar esse aumento. Isso já é um grande ganho para a sociedade brasileira”, afirmou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. “Em relação ao sobrepeso, não temos o mesmo impacto da obesidade, de estabilização, mas também não temos nenhuma tendência de crescimento disparando.”

Os homens registram maiores percentuais do que as mulheres. O índice de excesso de peso na população masculina chega a 56,5%, contra 49,1% na população feminina. Não há diferença significativa entre os dois sexos quando o assunto é obesidade. Em relação à idade, os jovens (18 a 24 anos) são os que registram as melhores taxas, com 38% pesando acima do ideal, enquanto as pessoas de 45 a 64 anos ultrapassam 61%.

Alto custo

Os profissionais da área médica avaliam que a pesquisa tem pontos preocupantes, uma vez que as pessoas com “excesso de peso” podem se tornar obesos no futuro. Para Josemberg Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica, as soluções para caso brasileiro envolvem mais atividade física das pessoas, alimentação equilibrada (sem gordura, sal e açúcar), sono adequado (dormir sete horas por noite) e vida com menos estresse.

“O sobrepeso já traz doenças metabólicas como diabetes e hipertensão. Isso exige o uso diário de, pelo menos, cinco medicamentos com um custo mensal de 500 e mil reais. Acaba sendo um alto custo para sociedade, com remédios, planos de saúde, hospitais”, ressaltou Campos, que mantém reuniões periódicas com o Ministério da Saúde para tratar do tema.

Os quilos a mais na balança são fatores de risco para doenças crônicas, como pressão arterial e diabetes, que respondem por 72% dos óbitos no Brasil. Do total de entrevistados pela Vigitel em todo o país, 20% disseram ter diagnóstico médico de colesterol alto. O sedentarismo está relacionado ao aparecimento dessas doenças.

No mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde, 31% dos adultos com 15 anos ou mais não são suficientemente ativos. Esse índice no Brasil, segundo o Vigitel 2014, que soma apenas as pessoas com mais de 18 anos, é de 48,7%. O desafio assumido pelo Ministério da Saúde é reduzir esse percentual a 10% até 2025.

Escolaridade

A pesquisa mostra ainda que as pessoas com menor escolaridade, com até oito anos de estudo, registram o maior índice de excesso de peso (58,9%). O grupo que estudou 12 anos ou mais tem 45% de pessoas acima do peso. 

O impacto da escolaridade é maior entre as mulheres, em que o índice entre os mais escolarizados é ainda menor, 36,1%. As mesmas diferenças se repetem com os dados de obesidade. O índice é maior entre os que estudaram por até oito anos (22,7%) e menor entre os que estudaram 12 anos ou mais (12,3%).

O Vigitel 2014 entrevistou, por inquérito telefônico, entre fevereiro e dezembro de 2014, 40.853 pessoas com mais de 18 anos que vivem nas capitais de todos os Estados do país e do Distrito Federal. Realizada desde 2006 pelo Ministério da Saúde, a pesquisa, ao medir a prevalência de fatores de risco e proteção para doenças não transmissíveis na população brasileira, serve para subsidiar as ações de promoção da saúde e prevenção de doenças.

Campanha

O acompanhamento desses números orientam as ações do Ministério da Saúde para a promoção da saúde e a prevenção de doenças. Uma das metas do Plano de Ações Estratégicas para o Enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT), lançado em 2011, é deter o crescimento da obesidade e excesso de peso no país, bem como incentivar a adoção de hábitos saudáveis entre a população.

O ministério quer diminuir em 2% ao ano o número de mortes por estas doenças até 2022. O investimento no Sistema Único de Saúde em Atenção Básica, responsável por resolver até 80% dos problemas de saúde, cresceu 106% em quatro anos, chegando a R$ 20 bilhões em 2014.

São quase 40 mil equipes de Saúde da Família, cobrindo 60% da população. As equipes contam com o apoio de profissionais, como nutricionistas, fisioterapeutas e de educação física que ficam nos 3.923 Núcleos de Apoio à Saúde da Família. Também são realizadas ações de promoção à saúde com mais de 18 milhões de alunos do Ensino Fundamental por meio do Programa Saúde na Escola.

Sobre o incentivo à atividade física, destaca-se o Programa Academia da Saúde, que já conta com 1.568 polos com equipamentos e profissionais qualificados. Além disso, o novo Guia Alimentar para a População Brasileira e o livro Alimentos Regionais Brasileiros do Ministério da Saúde orientam as famílias a optarem por refeições caseiras e evitarem a alimentação fast food.

O ministério apresenta, também, a campanha “Da Saúde se Cuida Todos os Dias”, com foco na Política Nacional de Promoção da Saúde, cujo objetivo é incentivar mudanças individuais e de comportamento da população. As informações serão divulgadas por meio de peças publicitárias e pelo portal www.saude.gov.br/promocaodasaude.

 

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