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Proposta para a educação infantil na Base Curricular defende brincadeiras para a aprendizagem

O trabalho segue a concepção de que a criança tem o direito de se apropriar de todas as linguagens, não apenas a escrita, mas também a oral e a corporal


por Portal Brasil


publicado:
17/03/2016 14h30


última modificação:
17/03/2016 16h45

Para fortalecer a ideia de que brincar é importante para o aprendizado e levá-la à prática nas escolinhas Brasil afora, a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNC) para a educação infantil vem recebendo atenção especial. Etapa fundamental e diferenciada da Educação Básica, ela não é organizada, por exemplo, em áreas do conhecimento, como o Ensino Fundamental e o Médio.

“A gente está dizendo que bebê aprende. Não é porque bebê não fala que ele não tem um conjunto muito interessante de explorações, de brincadeiras, de olhares para o outro, que são seu jeito de falar”, defende Zilma de Moraes Ramos de Oliveira, professora da Universidade de São Paulo (USP) e uma das assessoras da educação infantil no documento.

Por esse motivo, a educação infantil no documento está dividida por campos de experiência, que têm como eixos centrais a ludicidade e as interações – dois aspectos que já aparecem nas diretrizes curriculares nacionais e são especificadas na Base. Essa perspectiva se diferencia do que é visto nas escolas de hoje, diz Hilda.

Segundo ela, “há muitas vezes uma interpretação equivocada de que a educação infantil é para fazer uma versão adaptada daquilo que se faz no Ensino Fundamental”. Ela explica que “muitas vezes, as crianças ficam muitas horas sentadas, realizando tarefas repetitivas. E confundem-se o incentivo à leitura e à escrita com passar exercícios de cópia, cobrir traçados. E são práticas muito equivocadas”, diz Hilda.

São propostos cinco campos de experiência na Base. Um deles trabalha o eu, tu e nós, nos quais devem ser colocadas as noções de identidade. Outro trata da escuta e da fala, com estímulo das linguagens oral e escrita, mas também do diálogo entre os pequenos. Um terceiro aborda as cores, os sons e as imagens, incluindo linguagens variadas como a musical, a visual, a cenográfica, entre outras.

Há, ainda, o campo dos gestos e movimentos, que se refere às habilidades do corpo. E, por último, há o que toca nas noções de quantidade, medida, tempo e espaço. “Dessa forma, o professor tem cinco focos que ele pode selecionar para o seu trabalho. Em vez de trabalhar com matemática, pode escolher a área de ‘eu e outro’, porque as crianças precisam discutir sobre suas amizades, suas preferências. E essa discussão não tem área pra ele na educação básica”, explica Zilma.

Brincar

Grande preocupação dos pais, o aprender a ler e a escrever também passa pelo brincar e o interagir na proposta de educação infantil. Mas, diferentemente do que se vê hoje, preocupa-se em não atropelar o momento porque passa o aluno dessa fase. “A escrita não pode ocupar uma relevância e um protagonismo muito diferente das demais linguagens”, lembra Mônica Correia Baptista, professora da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e consultora da Base sobre leitura e escrita na educação infantil.

O trabalho segue a concepção de que a criança tem o direito de se apropriar de todas as linguagens, não apenas a escrita, mas também a oral e a corporal. Sempre partindo das brincadeiras e das interações, essenciais para a comunicação na primeira infância.

Fonte: Portal Brasil, com informações do MEC