Portal Brasil

Inpa vai realizar pesquisa em pacientes com doenças hematológicas

Pesquisa será com o retrovírus HTLV, da mesma família do HIV, que infecta a célula T humana, importante para o sistema de defesa do organismo


por Portal Brasil


publicado:
28/04/2015 18h06


última modificação:
28/04/2015 18h06

Uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e a Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) vai realizar uma pesquisa inédita na região amazônica, para diagnosticar a presença do Vírus Linfotrópico de células T Humanas (HTLV) em pacientes com doenças hematológicas.

O HTLV é um retrovírus da mesma família do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), que infecta a célula T humana, um tipo de linfócito (células brancas do sangue) importante para o sistema de defesa do organismo. Não existe vacina e nem tratamento para a infecção e para as doenças relacionadas a esse vírus.

De acordo com o pesquisador do Inpa, biomédico Gemilson Pontes, doutor em Ciências Médicas com ênfase em Imunologia, Microbiologia e Patologia, vinculado ao Laboratório de Virologia e Imunologia da Coordenação de Ciências, Ambiente e Saúde (CSAS), estima-se que existam, no mundo, mais de 20 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV tipo 1 e tipo 2 (HTLV-1/2). O Brasil é onde se encontra uma das maiores prevalências da infecção por esse vírus, com cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas.

“Estudos demonstram uma prevalência significativa da infecção na Região Norte. No entanto, em relação à Amazônia Ocidental, não se sabe qual é esta prevalência, porque são escassos os estudos epidemiológicos voltados para infecção pelo HLTV-1/2 na região”, explica o pesquisador.

Fase inicial

O projeto está na fase inicial e é coordenado pelo pesquisador do Inpa, juntamente com colaboradores do Hemoam e o aluno de mestrado e de iniciação científica da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Hygor Halyson Ribeiro e Diana Mota, respectivamente.

Pontes explica que a pesquisa será conduzida, num primeiro momento, com a triagem dos pacientes pelo Hemoam, sendo que o critério de inclusão no estudo será o diagnóstico de alguma doença hematológica. Caso o paciente aceite participar da pesquisa, será coletada uma amostra do sangue para a realização de exames sorológicos e moleculares no Laboratório de Virologia e Imunologia do Inpa para identificar se o indivíduo apresenta ou não a infecção pelo HTLV.

O pesquisador ressalta que um estudo dessa natureza, realizado pela primeira vez na região, tem um cunho científico e social importante. “O paciente que não sabe se tem a infecção poderá passar a dispor de estratégias de tratamento mais adequadas”, diz Pontes.

“A partir desses resultados, os pacientes serão aconselhados e poderão ter um prognóstico melhor da doença, uma vez que será conhecida uma infecção que pode estar relacionada com aquela patologia”, pondera o pesquisador.

Antecedentes e dificuldades

Pontes explica que o HTLV foi o primeiro retrovírus humano, descoberto em 1980. O HIV foi descoberto em 1982. Posteriormente, com pesquisas aplicadas em pacientes infectados, foram identificadas duas patologias relacionadas à infeção pelo HTLV: a paralisia dos membros inferiores. Estas patologias estão associadas ao vírus tipo 1.

Quanto ao vírus tipo 2, o pesquisador do Inpa explica que ainda não existem provas concretas de patologias associadas à infecção por esse tipo. Contudo, segundo Pontes, há deduções que relacionam a vários outros tipos de doenças.

Para o pesquisador, a importância que se deu anteriormente, e continua se dando até hoje ao HIV é pelo simples fato de que, apenas de 2% a 5% das pessoas que são infectadas pelo HTLV irão desenvolver as patologias correlatas. Segundo ele, é uma porcentagem relativamente baixa, o que gera pouco interesse público e científico em desenvolver pesquisas relacionadas a esse vírus.

Na opinião de Pontes, este fato dificulta a aprovação de projetos junto às fundações de amparo às pesquisas. “Isso é um dos fatores que dificulta o avanço no desenvolvimento de um tratamento padronizado para infecções pelo HTLV, como o que existe, ainda que paliativamente, para o HIV”, finaliza o pesquisador.

Fonte:

Ministério de Ciência e Tecnologia