A cada doação, 30 a 40 pacientes do Sistema Único de Saúde são beneficiados com transplantes
por Portal Brasil
publicado:
22/07/2015 17h25
última modificação:
22/07/2015 18h37
O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), órgão do Ministério da Saúde, expandiu para todo o Brasil a captação de ossos e tendões de seu Banco de Tecidos. Uma equipe médica começou a testar com êxito o piloto desse tipo de procedimento em maio, no município de Arapongas, interior do Paraná. Neste mês de julho, já estruturada, a captação em outros estados tornou-se rotina no Into.
Na prática, o instituto amplia sua atuação no País e deixa de depender apenas das doações realizadas no Rio de Janeiro. “Ao capacitar nossas equipes para ir a qualquer ponto do País fazer as captações, demos um passo crucial para contornar eventual escassez de doadores. Atendemos ao SUS como um todo em cirurgias ortopédicas que necessitem de um transplante, não só as que ocorrem dentro do Into. Disponibilizamos aqui material para transplantes para quaisquer hospitais que o realizem”, ressalta o diretor do Into, João Matheus Guimarães.
Experiência e credibilidade
Único hospital brasileiro e um dos 19 do mundo que integram a International Society of Orthopaedic Centers (ISOC), que congrega os melhores hospitais de ortopedia existentes, o Into já capta, processa e disponibiliza tecidos humanos (nos quais estão incluídos ossos e córneas) há 16 anos. Uma única doação, sempre realizada sob autorização dos familiares de pacientes com morte cerebral, beneficia em média de 30 a 40 pessoas à espera dos mais variados tipos de transplantes ortopédicos pelo SUS.
Até agora, todas as captações de tecidos ósseos e tendões do Into tinham como origem doadores do Estado do Rio de Janeiro. Foi essa limitação que o Into rompeu. Pacientes como a estudante universitária Mariana Flores, 20 anos, são os beneficiados desse tipo de ação. Ela precisou de transplante de fêmur aos 13 anos e novamente aos 15, depois de ser diagnosticada com tumor maligno. Nas duas cirurgias, utilizou material do Banco de Tecidos do Into.
“Hoje o meu dia a dia é normal, as cirurgias que fiz não me impedem de fazer nada. Faço academia e musculação, todas as minhas atividades, como qualquer outra pessoa”, conta ela, que decidiu cursar Medicina depois de passar três anos internada ou se recuperando de cirurgias no Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e no Into. Hoje, é estudante da UERJ.
Tabu
De 2010 a 2013, as doações vinham em crescimento. Em 2014, se estabilizaram. Neste ano, não há tendência de aumento. Segundo o chefe do Banco de Tecidos do Into, Rafael Prinz, este tipo específico de doação enfrenta ainda hoje um tabu. Em pesquisas prévias realizadas no próprio Into, sua equipe constatou que há receio da população de que os corpos dos doadores não sejam entregues íntegros às famílias. Isso porque as equipes médicas retiram ossos e tendões dos braços e pernas.
“Lidamos com o desconhecimento, com uma visão que, em relação aos transplantes de órgãos em geral, já foi até superada. A verdade é que na captação do que chamamos tecidos musculoesqueléticos (ossos e tendões), nas regiões onde ocorre o procedimento, é realizada a reconstrução com material sintético. Os corpos são sempre entregues íntegros”, esclarece Prinz.
O Into mantém equipes preparadas para realizar captações 24 horas por dia, 365 dias do ano. Todo o procedimento, desde a captação, processamento, armazenamento e distribuição do transplante é gratuito para o receptor.
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