Programa de desenvolvimento investe na fronteira do Brasil
Com mais de R$ 200 milhões em investimentos, o governo federal ampliará de 3 para 12 os aeroportos que operam aviação comercial na fronteira do Brasil com outros países da América do Sul
por Portal Brasil
publicado:
21/03/2015 01h06
última modificação:
21/03/2015 01h06
O programa de aviação regional da Secretaria de Aviação Civil vai ampliar a oferta de aeroportos nos quase 17 mil quilômetros de fronteira do Brasil com os outros países da América do Sul.
Atualmente, apenas três operam voos comerciais: Tabatinga (AM), Corumbá (MS) e Foz do Iguaçu (PR). Com os investimentos de mais de R$200 milhões, um total de 12 aeródromos passará a receber rotas regulares e atender a demanda nacional e internacional entre Oiapoque, no Amapá, e Santa Vitória do Palmar, no Rio Grande do Sul.
Além de aproximar a fronteira tantas vezes inacessível dos grandes centros brasileiros, os aeroportos regionais garantirão segurança a uma das portas de entrada do território nacional e podem gerar cerca de 600 empregos diretos e indiretos em todo o País.
Cada aeródromo terá um novo terminal de passageiros, um novo pátio de aeronaves e o reforço ou ampliação da pista de pouso e decolagem.
A expectativa é que os 2 milhões de passageiros que passam por ano pelos terminais de fronteira existentes hoje triplique nos próximos dez anos, chegando a 6 milhões.
O ministro da Aviação, Eliseu Padilha, garante que toda a população brasileira será beneficiada pelo programa, que vai investir R$7,4 bilhões na reforma ou construção de 270 aeroportos nos municípios distantes das capitais.
“Todos os brasileiros que se sentem inacessíveis estarão a uma hora, 40 minutos, de um centro metropolitano. Além de ficar mais fácil para eles se locomoverem, serviços básicos à população chegarão as nossas fronteiras com maior rapidez”, comemorou Padilha.
A ideia do programa é deixar 96% da população a menos de 100 km de um terminal. Hoje, apenas 40 milhões de brasileiros têm o acesso facilitado dessa forma.
Além disso, o governo subsidiará o preço das passagens para incentivar os passageiros a voar mais e estimular a concorrência entre as empresas aéreas.
Atualmente, uma rota que envolve um aeroporto regional chega a custar 31% a mais que entre duas capitais. A medida provisória que trata deste assunto será regulamentada pela Presidência da República.
De Corumbá para o mundo
Segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Corumbá, no Mato Grosso do Sul, é atendida por dois voos diários. A baixa concorrência entre as empresas aéreas e a infraestrutura deficitária na maioria dos aeroportos regionais ainda é um dos empecilhos na locomoção da população fronteiriça. Mas os investimentos previstos pelo programa facilitarão esses deslocamentos.
A jornalista Sylma Lima cruza a fronteira entre Brasil e Bolívia com frequência. É o caso da jornalista Sylva Lima, 48 anos. Ela mora em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, e ultrapassa a fronteira com a Bolívia cerca de quatro vezes por dia para resolver questões cotidianas.
“Vou um pouco mais longe na Bolívia, na cidade de Santa Cruz, para consultas médicas. E é de lá também que eu embarco para qualquer cidade do mundo”, conta Lima.
Sylma adora viajar para o exterior e já comprovou que pelo Brasil ainda não vale a pena. Para ir a Buenos Aires, na Argentina, por exemplo, ela tem duas opções: ir de ônibus ou avião de Corumbá a Campo Grande, capital do seu estado, e, de lá, até outra cidade que tenha voo direto para o país vizinho. Ou o que ela sempre escolhe: ir até Santa Cruz em um ônibus ou avião e, de lá, embarcar diretamente para a capital argentina.
“Além de eu perder menos tempo saindo de Santa Cruz, é tudo muito mais barato. Para eu chegar a Santa Cruz, eu gasto pouco mais de R$200. Para ir a Campo Grande, gasto mais de R$100 em um trecho de ônibus e até R$1.200 numa passagem de avião”, detalha Sylma.
Uma empresa aérea faz a rota Corumbá – Campo Grande diariamente. “Se existisse uma rota direta de Corumbá para Santa Cruz, ainda seria melhor. Muitos brasileiros vão para lá diariamente”, acredita.
Tabatinga (AM) também é atendida apenas por dois voos diários. O município brasileiro é separado da cidade de Letícia, na Colômbia, apenas por um mastro com duas bandeiras, o que garante a livre circulação entre os dois países.
A Avenida da Amizade liga o aeroporto de Tabatinga ao centro da cidade colombiana. Já Foz do Iguaçu, por ter grandes atrativos turísticos, conta com mais opções de voo, segundo a agência reguladora do setor. Os investimentos do programa garantirão a ampliação das rotas nesses municípios fronteiriços.
Fonte:
Secretaria de Aviação Civil da Presidência da República